Vista externa do Pride Park, com o símbolo do Derby County |
Mas o cenário não é tão ruim como pode parecer. Na chegada ao Pride Park Stadium, casa do Derby, o clima é absolutamente civilizado. Torcedores do visitante Brentford se misturam aos fãs locais sem sinal de animosidade, cerveja é consumida (e vendida) livremente nas proximidades, ingressos estão disponíveis até o início da partida, policiais observam tudo com ar tranquilo (sem cavalos) e não há sinal de cambistas.
O que pode ou não entrar no estádio |
Antes de chegar à beira do campo e subir ao meu lugar, passo no meio de um bar, onde não só se vende cerveja (Lager e Bitter), como também cider e vinho (branco e tinto). Os preços das bebidas, apesar de salgados para o nosso bolso enfraquecido pelo real, não são diferentes dos cobrados em muitos pubs da cidade: 3,70 libras (R$ 13) o pint da lager (Carlsberg, no caso). No mesmo local uma banca de apostas lista os odds (valor pago) para cada palpite. Apostar na vitória do Derby por 1 a 0, com gol do Ward, por exemplo, rendia 230 libras para cada 10 casadas (má sorte para quem acreditou nisso, o Ward nem entrou em campo)...
Ao chegar à beira das quatro linhas para subir ao meu lugar, o espetáculo do Pride Park se completa. O estádio não é muito grande, mas também não é pequeno, tem capacidade para 33,5 mil espectadores, todos sentados. É a casa do Derby desde 1997, quando foi inaugurado pela Rainha Elisabeth II.
West Lower Block L, Row KK, Seat 56 |
E o jogo? Bom, esse é válido pela segunda rodada da Capital One Cup, a chamada Copa da Liga Inglesa. É a menos glamourosa das copas do país, disputada todos os anos pelos 92 clubes membros da Football League (incluindo todos os 20 da Premier League, a primeira divisão). Para o adversário do Derby, o Brentford, que disputa a League One (equivalente à terceira divisão na Inglaterra), vale o sonho de avançar contra um rival um nível acima. Para o time da casa, a vitória significa vaga na terceira rodada da competição, que pode proporcionar uma partida contra um time grande, de primeira divisão (os confrontos são sorteados). É jogo único, se empatar tem prorrogação e pênaltis.
Os verdadeiros fãs estão mesmo por aqui. Atrás de mim, três velhinhas (aparentemente acima dos seus 70 anos) não só assistem como comentam atentamente a peleja e me olham feio quando levanto no primeiro lance de perigo. Alertado pela Fabi, peço desculpas e tento me controlar... A idade média do público, ao contrário do que se vê nas canchas brasileiras, é elevada. O Pride Park não estava muito cheio. Ao ser anunciada, a renda aponta pouco mais de 9.000 pagantes.
No bar, lager, bitter, cider, red or white wine |
Com pouco mais de meia hora de partida já está 3 a 0 para o time do carneiro (os jogadores do Derby são chamados de rams, referência à histórica ligação da região com a produção de lã e depois com a Revolução Industrial). O queridinho da torcida é um loirinho com cabelo quase branco, Will Hughes, moleque de 18 anos que está em todas as partes, na meia, na ala e no ataque. Mas meu preferido, mesmo, é o gigante irlandês Conor Sammon, um centroavante careca e clássico - corpulento, trombador, faz bem o pivô e não desiste de uma bola, autor do segundo gol do jogo.
O segundo tempo corre sob controle para os carneiros, que marcam mais duas vezes – com direito ao segundo do irlandês gigante -, garantindo vaga tranquilamente na terceira fase da Copa da Liga. O sorteio é logo mais, hoje à tarde...
Se foi bom? Sábado que vem estarei de volta, para acompanhar Derby County x Burnley, desta vez pela Championship!
Campo do Pride Park, gramado impecável |
PS2: Deve ter gente pensando que já ouviu falar desse Derby County... Sim, é o primeiro time do Brian Clough no filme The Damned United (Maldito Futebol Clube, em português). O assunto é tão bom que merece um post só para ele, voltarei ao assunto em breve!
Tem um vídeo do interior do Pride Park que postei no YouTube, pra quem quiser sentir o clima:
http://youtu.be/V9YZcP8Ez80
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